As papoilas
Muitas papoilas crescem agora espontaneamente nos passeios estreitos de todas as ruas perto da minha casa.
São vermelhas e fazem-se acompanhar de imponentes malmequeres e
vigiadas pelas viçosas margaridas que floriram nos quintais, querendo
segredar a todos que por ali passam que a liberdade está a chegar.
As papoilas dizem coisas que mais ninguém nos diz.
Com o seu redondinho olhar dos seus negros olhos captam os mistérios da vida a crescer.
São frágeis as papoilas, pelo menos, parece quando lhe tocamos e o
vento as empurra para lá e para cá, numa dança de ventre e parece nos
que vão cair.
As papoilas são valentes e destemidas
São orgulhosas da sua frescura e ciosas da sua liberdade
Desaparecem rapidamente mas deixam a saudade da sua vermelhidão que embelezam a minha e as vossas ruas mesmo.
As papoilas são para mim um símbolo de liberdade que se unem em grandes
grupos para não se deixarem tombar e quando se tombam umas, outras se
erguem, das sementes que deixaram cair de si para teimosamente
continuarem a lutar pela conquistada liberdade.
As papoilas são a
força da natureza a sorrir, os baloiços da esperança e da razão
determinada que faz as crianças correr para elas, para as apanhar para
não perderam a paixão da unidade e da liberdade!
A liberdade nasce e cresce espontaneamente como uma papoila!
Sejamos como as papoilas!
Lúcia Vieira
11/03/2014
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