quarta-feira, 7 de maio de 2014

Em maio pintam as cerejas

Em maio pitam as cerejas, na terra quente
Esse carnudo e saboroso fruto
É primavera ainda
Nos campos e serranias as carquejas e urzes
Continuam a sorrir apesar da secura
Para nuvens das gentes aí espalhadas
Nas searas de trigo serôdio
 As papoilas já dizem da liberdade
Dizem os segredos em surdina, os guardados
Contam a verdade de um povo
Em maio saltam os gafanhotos aflitos
Com os lagartos a rastejar de pescoceira, hirtos
Das palavras que nos jornais se escreveram
Os versos de uns poemas esquecidos
Nas folhas de uma figueira seca
De um poeta desconhecido mas distinto
Enegrecida está a figueira pelo tempo e pelo desgosto
Ultrapassada pelas cerejas que já pintam na cerejeira
Quando  já estiverem redondinhas e vermelhinhas 
Vou fazer uns brincos de princesa
Para usar  nas orelhas na festa, que vem aí
Redondinhas, carnudas e apetitosas
Vou -as trincar numa tarde quente de primavera
Contigo a meu lado a olhar o mundo
Em maio pintam as cerejas!
 07/05/2014

 Lúcia vieira 

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